sexta-feira, 3 de novembro de 2017

MAIS UMA OPORTUNIDADE PERDIDA

O concerto solidário que teve lugar no Convento de São Francisco, foi um exemplo daquilo que tem sido a extraordinária atitude solidária dos portugueses em geral e das mais diversas organizações e empresas, perante a tragédia dos incêndios que atingiu o país, em especial na região centro.

Região centro onde pontifica Coimbra, cidade que pretende assumir uma capitalidade regional e que frequentemente reclama, com razão, da bipolarização do país e do esquecimento deste território, como aliás os repetidos dramas deste verão escaldante vieram confirmar, destapando uma dramática realidade demográfica, social, cultural e económica.

Obviamente que as pretensões de Coimbra não tendo sustentação institucional têm de ser consideradas no contexto de uma imagem, de uma ideia e de uma prática que leve a que a generalidade dos cidadãos a vejam, a entendam e a respeitem por aquilo que assume e que faz.

Hoje, a competição entre cidades é cada vez mais intensa e importante e, por isso, depois de uma fase de consolidação de infraestruturas tornou-se fundamental a adoção, pelos governos autárquicos, de práticas de marketing bem como a utilização das redes sociais no sentido da sua valorização, e é, sobretudo neste campo e na utilização dos instrumentos mediáticos que vão obtendo ganhos.

Para mais quando não há suficientes argumentos quantitativos, isto é, quando o número de eleitores não permite a influência do número de votos, os ganhos têm de ser procurados noutras formas e numa luta constante no contexto de uma competição permanente.

Acontece que perante o drama vivido com os incêndios na nossa região teria sido importante ver Coimbra, numa perspetiva institucional, assumir o papel da tal capital regional que se pretende. Diga-se em abono da verdade que Coimbra pretende mais que a considerem do que ela própria se considera internamente.

Estabelecer, de imediato, contactos com os municípios vizinhos e da região, no sentido de inventariar o tipo de apoios necessários, encontrar local ou locais onde os cidadãos de Coimbra pudessem fazer a doação de bens e ver com as empresas de Coimbra a ajuda que aos mais diversos níveis pudessem prestar, seguido da uma entrega planeada nos locais e aos cidadãos e empresas necessitadas, em conjugação com as Câmaras locais, teria tido uma enorme importância no reganhar de uma imagem de Coimbra forte e generosa, merecedora de respeito e consideração.

Infelizmente tal não aconteceu e foi por isso uma oportunidade perdida no processo de construção de uma Coimbra forte no século XXI e não apenas de uma cidade orgulhosa do passado mas displicente quanto ao futuro.

Talvez amanhã quando Coimbra precisar do apoio dos municípios circundantes, por exemplo, para justificar um dito aeroporto para servir a região, e como “paga” para a sua omissão de hoje, não obtenha mais do que o silêncio expetante e não a força determinada de quem se revê num território mais vasto não em termos geográficos mas por uma ideia de unidade fraterna e de interesse comum.

(Artigo publicado na edição de 2 de novembro, do Diário de Coimbra)




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