Ao
mesmo tempo que seguimos as primárias da grande eleição mundial –
a eleição do presidente dos EUA – também percebemos que por aqui
se vão realizando os preliminares das eleições autárquicas do
próximo ano.
É
óbvio que é uma mera coincidência que os Estados Unidos celebrem a
sua independência no mesmo dia em que comemoramos o Dia da Cidade de
Coimbra – 4 de julho, assim como pode parecer que a eleição
presidencial americana não tem nada a ver com as nossas eleições
autárquicas, mas a verdade é que as duas têm importância na nossa
vida e nas duas existem elementos de reflexão política que se
tocam.
Não
sou um politólogo, nem nada que se pareça, não passo de um cidadão
interessado “urbi et orbi”, que assiste com perplexidade e
angustia a muito do que acontece por esse mundo fora e que por isso
gosta de olhar para a “arte” que é a política, e tentar
perceber as suas implicações na construção do futuro.
Mais
do que as lamentações sobre o atual estado da política, o que
parece importante é ter em atenção que ela é um sistema de
aprendizagem, que nos convoca permanentemente a encontrar formas de
inteligência coletiva para encararmos os problemas e encontrarmos
soluções, que muitas vezes não serão as melhores mas que pelo
menos sejam as menos más.
Por
exemplo, numa disputa entre rotundas e semáforos que tantas vezes
somos tentados a fazer, há que considerar qual o verdadeiro problema
de mobilidade e de circulação local mas também o espaço
envolvente e as múltiplas confluências existentes, de modo a que
aquilo que pode ser um solução para um problema não leve a uma
cadeia de problemas mais vastos.
Pequenas
coisas como esta apelam a uma inteligência coletiva e por isso seria
interessante ter em conta o que se faz em algumas cidades mais
organizadas e ricas do que a nossa, que é a de não implementar
soluções desenhadas em gabinete sem primeiro as testar no terreno
de forma precária e, só depois duma avaliação de todos os seus
méritos e defeitos, lhe dar forma definitiva evitando custos de
diversa ordem e conseguindo ganhos de prestigio técnico e político.
Desta
micro situação, irrelevante para o mundo mas importante para a
vivência local, podemos partir para grandes questões que nos
incomodam, que têm igualmente a ver com a inteligência coletiva e
que implicam com a generalidade das organizações assim como com a
grande política.
Uma
das questões que se colocam com frequência é como conseguimos
sobreviver a maus banqueiros, maus gestores e a maus governantes.
Numa tentativa de encontrar respostas dois investigadores britânicos,
Robert Geyer e Samir Rihani, realizaram uma investigação, designada
por experiência mental, que implicava uma resposta à seguinte
pergunta: o que aconteceria se os governadores do Banco de Inglaterra
fossem substituídos por um quarto cheio de macacos? A resposta
rápida levava a afirmar que haveria um colapso da economia
britânica. Mas uma resposta mais ponderada levava a um resposta
diferente porque a estrutura do Banco de Inglaterra e o seu sistema
de funcionamento não permitiriam os danos que se podiam supor.
Partindo
daqui a questão que se nos põe em termos políticos é se os nossos
sistemas eleitorais e de governo, sejam nacionais ou locais, têm
capacidade de gerar os equilíbrios necessários a evitar uma má
governação e, à partida, rejeitar maus candidatos.
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