Há
não muito tempo o então ministro das finanças da Holanda e
presidente do Eurogrupo, Jeron Dijsselbloem, suscitou um enorme
clamor por nos ter criticado pela forma leviana como gastávamos
dinheiro e a seguir íamos pedir ajuda à Europa.
A
forma como fez a critica foi particularmente infeliz e
por isso o repúdio foi geral mas, na verdade, há coisas que são
difíceis de entender tanto mais que não se compaginam com a
verdadeira situação económico-financeira do país e que merecem a
reflexão de todos nós cidadãos-contribuintes.
Não
somos um país rico e são notórias as reclamações diárias pelas
mais variadas carências em equipamentos e serviços públicos
essenciais. Mesmo na nossa cidade são evidentes problemas e
dificuldades que gostaríamos de
ver
resolvidas
para que pudéssemos ter aqui melhor qualidade de vida e
garantíssemos a fixação de empresas e de jovens quadros.
É
evidente que há um conjunto de políticas públicas municipais que
se anseiam, que exigem uma estratégia de médio e longo prazo e que
envolvem a mobilização de significativos
meios
financeiros, não
só para investimento municipal mas também para co-financiamento de
projetos com fundos nacionais e/ou comunitários.
Mas
é então que surgem algumas perplexidades. Em vez de se intervir na
resolução de problemas estruturais entra-se numa estranha espiral
despesista de que é exemplo a realização de um concerto, que não
terá custado menos de quinze mil euros, num domingo à tarde, para
assinalar a inauguração das iluminações de Natal e com o
argumento de apoio ao comércio da Baixa. Mas no domingo à tarde
poucos estabelecimentos estavam abertos e as iluminações cingem-se
apenas a algumas ruas, as mais visíveis e habitualmente mais
frequentadas.
Por
outro lado se há a intenção, com a colocação de iluminações de
Natal de tornar a cidade mais atrativa, o que ninguém contesta, o
que não se percebe é porque não há um esforço para tornar a
cidade mais atrativa permanentemente, alindado, as suas ruas, os seus
espaços públicos e as suas entradas.
Depois
também é difícil entender porque é que se fazem tantos concertos
ao mesmo tempo na passagem do ano – alguns parece que são
tabelados a noventa mil euros cada.
Claro
que por estes dias é tudo muito bonito mas amanhã, quando houver
dificuldades e não houver disponibilidades financeiras para coisas
essenciais, os cidadãos ir-se-ão interrogar como foi possível isto
acontecer.
Ninguém
defende que nos limitemos a cantarolar o “Natal dos simples” mas
importa um olhar sereno para estas situações porque estão em causa
dinheiros públicos e é legitimo que não só nós –
contribuintes, mas também os cidadãos e os políticos de outros
países se interroguem sobre a razoabilidade do seu apoio financeiro,
a bem da dita coesão, quando nós andamos a gastar fortunas em
festas.
Sem comentários:
Enviar um comentário