quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

O ESCOAR DO PRESTÍGIO E DA IMPORTÂNCIA


Fora de Coimbra, tenho procurado acompanhar, concretamente através da comunicação social e em particular das televisões, as consequências das Depressões Elsa e Fabien.

Se as imagens são elucidativas do Vale do Mondego inundado partir de Coimbra e dos graves problemas para as populações de Soure e especialmente de Montemor-o-Velho têm vindo a enfrentar, também é possível perceber que alguns espaços e equipamentos importantes da cidade de Coimbra não foram poupados.

Contudo, tem sido evidente a ausência dos responsáveis institucionais do Município, seja na identificação dos estragos e dos problemas para as instituições e os cidadãos de Coimbra. Admito que no terreno estejam a trabalhar denodadamente mas a verdade é que não me apercebi até agora da existência de qualquer presença mediática a identificar os problemas concelhios e a transmitir uma imagem de liderança na sua resolução.

Já aquando dos grandes fogos, que assolaram dramaticamente a região centro e mesmo Coimbra em anos anteriores, houve um quase institucional silêncio solidário, contrariamente ao que aconteceu com cidadãos e empresas de Coimbra que se solidarizaram com os habitantes dos municípios da região e lhes doaram de imediato bens e assistência de uma forma espontânea mas algumas vezes angustiados e limitados na sua generosidade por não saberem como fazer chegar de forma organizada e controlada os seus contributos.

Ora esta repetição de ausência de, pelo menos, uma palavra institucional de solidariedade – incluindo dos Deputados pelo círculo de Coimbra -, vem agravar a imagem de uma cidade que pretende ser liderante na Região mas que nos momentos difíceis está ausente, entretida muitas vezes em questiúnculas de que são exemplos certos “debates” no Executivo municipal.

É recorrente uns acusarem Coimbra de perda de influência, outros dizerem exatamente o contrário e alguns sonharem-na Capital Regional, mas o que parece evidente é que uma cidade com a sua dimensão e com as óbvias mal-querenças bipolares que enfrenta dos que partilham o país, tem de se agarrar aos seus vizinhos apoiando-os e tornando-os permanentes parceiros de alegrias e sofrimentos se quer singrar.

Há uma prática e um simbolismo que são fundamentais na perceção dos cidadãos à aceitação de uma cidade que não sendo a sua partilha da sua vida e os ajuda, especialmente nos momentos difíceis e isto é um trabalho permanente que não permite omissões sob pena de cada vez mais ver, como vai acontecendo com as águas do Mondego, escoar o seu prestígio e a sua importância.

Mais importante do que parangonas a noticiar grandiosos festejos de fim-de-ano seria importante ouvirmos palavras e conhecermos atos de apoio e de solidariedade de Coimbra para com os atingidos – os de casa e os vizinhos - pelo infortúnio destes dias depressivos de ventos e de cheias.




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