Hoje
há uma nova geografia das cidades que reflete a sua renovada
importância, depois de uma certa subalternização, concretamente na
Europa, pela adoção de uma paradigmática ideia da Europa das
Regiões.
Não
serão as “Cidades Invisíveis” de Italo Calvino, que sabe sempre
bem ler, são as cidades reais que durante séculos nos trouxeram o
desenvolvimento económico, cultural e social e também algo muito
importante de que tantas vezes nos esquecemos – a liberdade. Uma
liberdade pura, de alto a baixo.
Hoje
as cidades apresentam-nos novos ingredientes, novas magias. É a
criatividade que se soma aos seus outros atributos e que tantas vezes
nos espanta com coisas novas e inesperadas.
Então,
quando as cidades nos contam histórias de séculos, que se
entretecem com os novos modos de vida da sociedade de informação, e
se assumem como espaços de qualidade de vida porque no seu
quotidiano se trabalha em função dos seus habitantes e dos seus
utilizadores, percebemos porque certas cidades são tão marcantes e
verdadeiros ímanes que atraem e marcam de forma especial.
Aliás,
as cidades são também, em larga medida o berço de novas políticas
e novos políticos sendo notório que destacados políticos e
governantes só o são porque fizeram a sua aprendizagem e o seu
trabalho enquanto autarcas.
É
neste quadro que temos o dever de olhar e pensar a nossa cidade e de
ter conta que não são despiciendas muitas das preocupações que
tantos sentem relativamente a um ficar para trás de Coimbra no
ranking urbano nacional. Para mais, percebendo-se que estamos perante
um novo ciclo de políticas urbanas, particularmente virado para as
questões ambientais e culturais, mais do que para grandes obras, é
preciso alargar horizontes.
Assim,
e num quadro político local, que se fragmentou sem proveito nas
últimas eleições autárquicas, devem com tempo - tempus fugit –,
nomeadamente os partidos estruturados e com uma base consolidada,
trabalhar no sentido de equacionar e apresentar aos eleitores uma
nova forma de encarar cidade e de lhe dar futuro.
A
este desafio acresce o de conseguir combater o cansaço e o
descrédito dos eleitores, bem traduzido na elevada taxa de
abstenção. É que a nossa cidade pela sua história e pelas suas
reconhecidas potencialidades gera expectativas elevadas que se
confrontam com dificuldades e debilidades, nem sempre percetíveis,
que depois geram desalento e desconforto.
Certo
é que neste tempo de tanta, tão rápida e fácil acesso à
informação é possível encontrar boas pistas de trabalho tendo
sempre em atenção as nossas especificidades. Potenciar e trabalhar
o que é genuinamente nosso com criatividade e ambição é, decerto,
uma das chaves do sucesso.
Ler
“Por Amor às cidades”, de Jacques Le Goff, e depois “O
Urbanismo depois da Crise” de Alain Bourdain é uma boa ajuda.
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