quinta-feira, 20 de abril de 2017

O MÊS DO FUTURO



Abril, com o seu molho de cores e de cheiros, é um mês especial e generoso, que nos habituou a despertar os sentidos e a entusiasmar a razão no caminho do futuro. Todos os anos, por esta altura, somos heróis, dizemos coisas bonitas e juramos-lhe fidelidade.

Claro que este plural é exagerado, muitos criticam-no, geralmente porque se esqueceram do que eram os idos de Março e porque a insatisfação faz parte da nossa natureza, mas, por um dia, tenhamos a generosidade de o louvar mesmo que o criticando porque esta também é uma forma de louvor, chamada liberdade.

Hoje o nosso Abril já tem em gestação o Outubro das autárquicas o que lhe acrescenta algum picante no pot-pourri político local e lhe dá uma tonalidade paradoxalmente mais viva e mais cautelosa. Tudo o que agora se diga e se faça será visto com um olhar diferente, mais atento e desconfiado, um olhar cheio de segundas intenções.

Sabendo que os cidadãos por Coimbra têm forçosamente de ser de esquerda e que a sua solução organizativa/participativa só pode ser um ninho de cuco, para incubar uma solução partidária que tem andado às apalpadelas, sem sucesso, num caminho autárquico que é menos política pura e mais soluções no terreno e em que há uma acentuada personalização dos candidatos fica-se na expectativa.

Também, agora que as mimosas já terminaram a sua floração amarela, se aguarda para ver se há ou não um candidato que, ciente da sua notoriedade pública e enfrentando a carência de visibilidade mediática que até há pouco merecidamente gozava, apareceu, qual cometa, como um puro independente mas com uma narrativa igual a todos os outros.

Há ainda que aguardar para ver se a sólida coligação que se tem aguentado há largos anos aqui riba-Mondego, não virá a escolher um rosto mais musical para combater alguma erosão destes tempos tão mediáticos.

Depois surgem as certezas. Um candidato vindo da periferia, que sempre teve Coimbra no horizonte, que simultaneamente agrega e divide a direita na sua orfandade ideológica e que defendendo discreta e abertamente a fraternidade universal se alimenta do confronto.

E, por fim, o candidato que vive para uma Coimbra que conhece bem e que acredita sinceramente ser o mais capaz de lhe dar futuro, mas que tem a difícil tarefa de reconquistar uma importante faixa de eleitorado urbano em que não suscita grande entusiasmo.

Pois é. Aqui temos um Abril grávido de esperança e de interrogações mas, como sempre um mês de futuro, do futuro de todos nós que temos o dever de não desperdiçarmos não nos abstendo de escolher um dos caminhos que nos vão ser propostos. 

(Artigo publicado na edição de 20 de abril, do Diário de Coimbra)

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