Mais
uma vez a realidade ultrapassou a ficção e Trump foi eleito.
Consumada
a eleição de Trump – um não político como tantos desejam ver no poder – não
parece que reste muito mais do que suspirar um sofrido: “God Bless America” e
esperar para ver como um não ideólogo, segundo dizem, vai olhar o mundo e
tratar da nossa salvação.
O
que parece evidente é que o “trumpismo” não é o divertimento do velhinho
“Balbúrdia no Oeste”, de Mel Brooks, mas sim algo muito sério com que vai ser
muito difícil lidar, até porque emana de uma américa que apoiou a boçalidade e
uma estética de ignorância e de vacuidade arrepiantes, desprezando o seu melhor
e a sua intelligentsia.
Para
mais a desconfiguração, em curso, da Europa e a evidente incapacidade política
dos seus líderes para encontrar as respostas adequadas aos problemas existentes
e emergentes, e em que a grande potência militar passa a ser a França com o seu
porta-aviões, faz-nos sentir um arrepio na espinha.
Contudo,
muitos perguntar-se-ão mas por quê estarmo-nos a preocupar com Trump? Ele nunca
virá à Queima das Fitas, nem ver a Biblioteca Joanina, nem tão pouco se
interessará por saber onde fica Coimbra.
Pois
é. Tenho de confessar que a preocupação “trumpista”, é uma desnecessidade, quando
uma das grandes questões que empolga o país e que importa clarificar é se houve
cuspidela ou fumo de cigarro, no embate entre dois presidentes de clubes de
futebol?
Por
outro lado, cá na terra o que se discute é, sobretudo, a realização no presente
de algumas intervenções no espaço público e a construção de infraestruturas
elementares, sem que se conheçam ideias de futuro.
Portanto,
o mais acertado será esquecer o pedido de bênçãos para a América, mesmo
percebendo que dali se anuncia a solta de uma legião de demónios que, quer
queiramos quer não, nos irão infernizar a vida por muitos anos.
Mas
como somos gente de fé, que se acolhe num cantinho ensolarado abençoado por
Deus e bonito por natureza, não devemos passar sem fazer um pedido, ainda que
mais modesto e sobretudo egoísta. Proponho que nos fiquemos por um: “God Bless
Coimbra”.
(Artigo
publicado na edição de 17 de novembro, do Diário de Coimbra)
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