quinta-feira, 17 de novembro de 2016

GOD BLESS COIMBRA

Mais uma vez a realidade ultrapassou a ficção e Trump foi eleito.

Consumada a eleição de Trump – um não político como tantos desejam ver no poder – não parece que reste muito mais do que suspirar um sofrido: “God Bless America” e esperar para ver como um não ideólogo, segundo dizem, vai olhar o mundo e tratar da nossa salvação.

O que parece evidente é que o “trumpismo” não é o divertimento do velhinho “Balbúrdia no Oeste”, de Mel Brooks, mas sim algo muito sério com que vai ser muito difícil lidar, até porque emana de uma américa que apoiou a boçalidade e uma estética de ignorância e de vacuidade arrepiantes, desprezando o seu melhor e a sua intelligentsia.

Para mais a desconfiguração, em curso, da Europa e a evidente incapacidade política dos seus líderes para encontrar as respostas adequadas aos problemas existentes e emergentes, e em que a grande potência militar passa a ser a França com o seu porta-aviões, faz-nos sentir um arrepio na espinha.

Contudo, muitos perguntar-se-ão mas por quê estarmo-nos a preocupar com Trump? Ele nunca virá à Queima das Fitas, nem ver a Biblioteca Joanina, nem tão pouco se interessará por saber onde fica Coimbra. 

Pois é. Tenho de confessar que a preocupação “trumpista”, é uma desnecessidade, quando uma das grandes questões que empolga o país e que importa clarificar é se houve cuspidela ou fumo de cigarro, no embate entre dois presidentes de clubes de futebol? 

Por outro lado, cá na terra o que se discute é, sobretudo, a realização no presente de algumas intervenções no espaço público e a construção de infraestruturas elementares, sem que se conheçam ideias de futuro.

Portanto, o mais acertado será esquecer o pedido de bênçãos para a América, mesmo percebendo que dali se anuncia a solta de uma legião de demónios que, quer queiramos quer não, nos irão infernizar a vida por muitos anos.

Mas como somos gente de fé, que se acolhe num cantinho ensolarado abençoado por Deus e bonito por natureza, não devemos passar sem fazer um pedido, ainda que mais modesto e sobretudo egoísta. Proponho que nos fiquemos por um: “God Bless Coimbra”.

(Artigo publicado na edição de 17 de novembro, do Diário de Coimbra)

Sem comentários:

Enviar um comentário