quinta-feira, 2 de julho de 2015

ASTRÓNOMOS AO PODER, JÁ!



Como resolver a questão europeia quando nos estamos a ver gregos com tanta confusão e desinformação, e em que o único valor em causa é o dinheiro? Confesso que não sei e estou cansado de não saber. Peço, imploro mesmo, a algum estadista, que esteja em reflexão nalguma Cartuxa, que, por favor, apareça e que unja com uma pitada de sabedoria os políticos europeus para que termine este eclipse de bom senso e de esperança.

Enquanto este sábio não aparece e num esforçado exercício de procura conclui que a solução está na entrega do poder aos astrónomos. Tenho dos astrónomos uma imagem de pessoas positivas, que fazem coisas por gosto e que, com os pés na terra, têm os olhos virados para o céu. 

Depois, os astrónomos também me parecem pessoas felizes, que passam muito tempo em silêncio, em profunda e metódica observação, à procura de respostas para a compreensão do mistério da vida ao contrário de uma rapaziada que se compraz em preconizar soluções de sofrimento e morte. Além disso não me parece que profissionalmente os astrónomos façam mais ou menos investigação em função dos dividendos que possam obter. Não acredito que recebam mais por uma galáxia do que por um planeta anão. 

Aliás, os próprios planetas anões implicam uma candidatura, como é o caso dos dois objetos transneptunianos, que têm a designação provisória de 2013 FY27 e 2013 FZ27 e que ainda não passam de candidatos a planetas anões.
Pois é, os astrónomos não brincam em serviço, querem certezas certas e não se deixam enganar com brilhos ou trajetórias ilusórias. Também são eles que sabem distinguir, com meridiana certeza, um meteorito de um planeta ou de um satélite. 

Considerem, portanto, como estas capacidades de identificação seriam importantes na observação dos políticos que nos aparecem sob os mais diversos disfarces, com santas auras, grávidos de frases sonoras, de posturas majestáticas e de impecáveis gravatas, devidamente orientadas por empresas de marketing, e os dissabores que nos evitariam.   

Se os líderes europeus fossem astrónomos não teríamos seguramente de suportar esta enxurrada diária de disparates, fruto de quem parece apenas conhecer a constelação do caranguejo e se orienta pelos signos do zodíaco.

Mais. Pensem quem é que verdadeiramente percebe de buracos negros. Obviamente os astrónomos. E não será que neste momento não estamos na Europa perante um enorme buraco negro económico, social e político!? 

Por tudo isto: astrónomos ao poder, já! 

(Artigo publicado na edição de 2 de julho, do Diário de Coimbra)

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