segunda-feira, 4 de junho de 2012

POBRE ESQUERDA

Na sequência da avaliação da troika, dada hoje a conhecer, o ministro das finanças, mostrou o seu contentamento e disse que: "Cumprimos todos os critérios quantitativos e objectivos estruturais."

Os partidos da oposição, num puro ritual mediático, contestaram e criticaram a alegria do ministro.

Quanto à satisfação do ministro pelos resultados da sua acção política é obviamente sincera porque corresponde às suas reais intenções. O que está a acontecer é o que o governo verdadeiramente deseja. Há uma mudança acelerada de paradigma económico, que o governo e os partidos que o apoiam estão a realizar com êxito e que pretendem, na fase dois, venha a ter correspondência numa mudança aprofundada nas áreas social e política.

Querem desenhar um novo país e por isso a destruição das actuais estruturas e sobretudo dos conceitos solidários de um modelo social que veio sendo construído na sequência de Abril. Quanto maior e mais profunda for a destruição, realizada num momento de confusão e apatia, melhor. A área laboral é aquela que mais pretendem atingir. 

Mão de obra barata, desqualificação profissional, pressão sobre os sindicatos, elitização do ensino, diferenciação na prestação de cuidados de saúde, etc., são desígnios que prosseguem como sustentação do modelo económico e social que anseiam.

Passos Coelho e Victor Gaspar andaram a preparar-se para isto e é óbvio que têm de se sentir felizes por conseguir levar à prática os seus objectivos. É a realização do seu sonho!

No que toca à oposição, hoje toda à esquerda, é um penar ver a sua absoluta incapacidade de acção concertada e convergente na defesa de valores que apregoa como essenciais mas que secundariza na prática. Em Portugal não há hipótese de um governo de esquerda nem de uma oposição organizada de esquerda, pelo que a sua derrota vai acontecendo step by step. O conteúdo e a forma da sua critica ao governo é uma alegria para este e para a direita que o apoia. É um carimbo do seu sucesso.

Pobre esquerda que vai assistindo, em murmúrios inconsequentes,  à sua derrota. Esquerda de que não vai sobrar nada, nem saudades... pela incompetência manifesta de não ter sabido ser poder e por agora não conseguir ser oposição.

1 comentário:

  1. Efectivamente, desculpando-se com a troika, este (des)Governo está a executar o que sempre ambicionou.
    Como eu já referi, este (des)Governo, está fazer o que faria, mesmo sem troika.
    Discordo, apenas, num ponto. Não podemos deixar que a solidariedade, a dignificação do ser humano, continue a ser uma "coisa" secundária na Sociedade.
    Temos que reconstruir um País, com competitividade e crescimento económico, mas também com equidade e justiça social.
    Temos que "buscar" Homens de Estado que se preocupem com ele, País, e não com as próximas eleições.
    Pegando numa frase que há uns tempos foi tema de uma palestra proferida por António Arnaut - temos que reconquistar "os valores da sociedade" em vez de continuarmos a alimentar "a sociedade dos valores".

    ResponderEliminar