Hoje os “empregados” falam do
desemprego com a ligeireza dos anjos.
Os números e as suas estimativas são
jogados com um "edificante" desprezo pelo sofrimento.
O sistema promove a
desvalorização do valor do trabalho numa sistémica campanha de marketing que
nos leva a desejar o sucesso de estar desempregado.
António Borges, proprietário
e autarca em Alter do Chão, homem da Goldman Sachs e delegado da troika
para as privatizações, cobre todas as paradas no que toca à defesa da redução dos salários
dos assalariados.
Amanhã os “empregados abastados”
retomarão a estratégia “urbanística” dos bidonville
e dos bairros de lata, para acantonar mão-de-obra dócil, disponível a qualquer hora,
que luta entre si por umas horas de trabalho.
É fácil prever o futuro, difícil é
saber quanto tempo somos incapazes de perceber o que se está verdadeiramente a
passar e qual o absurdo da herança que estamos a construir.
Acho que devemos reler o “Mito de
Sísifo”, de Camus e perguntarmo-nos, como ele fez, se a realização do absurdo
exige o suicídio? Camus responde: "Não. Exige revolta".
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