sábado, 2 de junho de 2012

DO DESEMPREGO AO BAIRRO DE LATA



Hoje os “empregados” falam do desemprego com a ligeireza dos anjos.

Os números e as suas estimativas são jogados com um "edificante" desprezo pelo sofrimento.

O sistema promove a desvalorização do valor do trabalho numa sistémica campanha de marketing que nos leva a desejar o sucesso de estar desempregado. 

António Borges, proprietário e autarca em Alter do Chão, homem da Goldman Sachs e delegado da troika para as privatizações, cobre todas as paradas no que toca à defesa da redução dos salários dos assalariados.

Amanhã os “empregados abastados” retomarão a estratégia “urbanística” dos bidonville e dos bairros de lata, para acantonar mão-de-obra dócil, disponível a qualquer hora, que luta entre si por umas horas de trabalho.

É fácil prever o futuro, difícil é saber quanto tempo somos incapazes de perceber o que se está verdadeiramente a passar e qual o absurdo da herança que estamos a construir.

Acho que devemos reler o “Mito de Sísifo”, de Camus e perguntarmo-nos, como ele fez, se a realização do absurdo exige o suicídio? Camus responde: "Não. Exige revolta".

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