sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O RANKING NOSSO DE CADA DIA


A saída da Universidade de Coimbra (UC) do top 500 do “Ranking de Xangai” foi uma má notícia, que levou o Reitor a uma tomada de posição e a um esclarecimento à comunidade universitária e o Presidente do Conselho Geral, professor João Caraça, à publicação de uma artigo no jornal Público, em 23 de agosto p.p.: “Para quê os rankings?”, procurando desvalorizar a situação sem, contudo, deixar algumas interrogações que devem merecer atenção e reflexão.

Independentemente das explicações para o sucedido, parece importante e urgente que a comunidade universitária considere o sucedido como sintoma de que alguma coisa não vai bem, porque, como diz o professor João Caraça, os rankings vieram para ficar e são um instrumento de negócio ou de poder.

Contudo, numa cidade como Coimbra em que a universidade e a cidade estão de tal forma interligadas, que a cidade se apresenta como um verdadeiro campus universitário, é imperioso que todos nos empenhemos na consideração de tudo o que possa contribuir para a melhoria do seu ranking global = cidade+universidade.

Se o ensino, a investigação e a produção cientifica são questões académicas, o espaço físico em que essa atividade se desenvolve é, sempre foi - Coimbra sabe-o bem – uma componente de grande importância, que tem de ser devidamente considerada, pelo que, vencer capelas de poder e criar um estado de espírito positivo e cooperativo entre o governo da cidade e o governo universitário é fundamental.

Quando, neste mundo global, um estudante faz uma opção por uma universidade considerará, decerto, vários indicadores: as ofertas formativas; os rankigs; os custos diretos e indiretos; e muitos outros fatores como a segurança, os transportes, o ambiente cultural, desportivo ou de lazer que a cidade de acolhimento oferece.

Hoje, em Coimbra, por exemplo, o estado dos espaços envolventes dos estabelecimentos universitários é deprimente. E ninguém está isento de culpa. Foi uma luta de anos para conseguir que o Paço das Escolas deixasse de ser um parque auto. Mas, ainda agora, o espaço fronteiro à sua entrada e à Faculdade de Letras e Biblioteca Geral continua a ser um parque de estacionamento universitário. Ali, onde impera o ensino das Humanidades, os deuses são os carros. No Polo II há uma caótica sensação de abandono – veja-se os passeios. No Polo III a confusão e a má qualidade de acessos é gritante. E ninguém sabe verdadeiramente de quem à responsabilidade por este estado de coisas.

Há, portanto, muito a fazer para melhorar o ranking, um ranking diário que a todos aproveita, o que impõe uma verdadeira e consistente aproximação institucional. Uma reunião do Presidente da Câmara e do Presidente da Assembleia Municipal, com o Reitor e o Presidente do Conselho Geral da UC para definir uma estratégia de avaliação, reflexão e atuação concertada de valorização e desenvolvimento da Cidade e da Universidade seria um bom começo. E, depois, trabalho concertado!


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