quinta-feira, 1 de junho de 2017

É FÁCIL, É BARATO E DÁ...



Dentro de dias vai iniciar-se uma das maiores, senão a maior, campanha de marketing de um país, a nível mundial: a Volta a França em Bicicleta - “Le Tour”. 

É um espetáculo desportivo e televisivo em que verdadeiramente não se sabe se o mais relevante é o ciclismo se a venda da imagem da França. O ciclismo é o argumento mas desde há muito é o turismo e um conjunto de atividades económicas a ele ligadas, que é promovido de uma forma particularmente inteligente.

O “Giro” e a “Vuelta” são soluções decalcadas da prova francesa, assim como a nossa Volta a Portugal, só que as características do país, a sua dimensão, paisagem, riqueza histórica e cultural, bem como o património edificado, dão-lhe uma dimensão inigualável. Depois e não menos relevante, há uma consciência nacional da importância da imagem do país que suscita uma enorme participação popular.

Aprecie-se, por isso, o esforço e o mérito dos ciclistas mas olhe-se para as imagens dos espaços envolventes da prova, para o arranjo dos espaços públicos, dos edifícios históricos e mesmo das casas com jardins e flores que transmitem a imagem de um país cuidado e de grande beleza e organização.

Sabemos, todos, que na realidade a periferia das grandes cidades é, em muitos casos, assustadora e que as imagens que nos são apresentadas escondem realidades sociais bem duras, mas a imagem global com que se fica é altamente positivas.

Há, mesmo, um aspeto particular, que no nosso país é vulgar e muito associado ao poder local que são as rotundas. As rotundas, que são uma boa e económica solução a nível de segurança e de qualidade de circulação, são muitas vezes criticadas e com razão, por uma implantação excessiva e/ou deficiente conceção técnica.

Ora, como nos é abundantemente mostrado por essa França fora, as rotundas são não só equipamentos de natureza funcional mas também elementos estéticos, de embelezamento das entradas das cidades e tradutores de identidades regionais e locais.

É evidente que também temos bons exemplos, mas a verdade é que há ainda muito a fazer e que as nossas cidades vilas e aldeias terão muito a ganhar com a requalificação desses locais de encontro e de circulação por onde passa um enorme volume de trânsito e que são vistas por imensos cidadãos.

As rotundas são hoje um cartão-de-visita das cidades e também um elemento distintivo do interesse dos seus autarcas pela estética dos seus espaços, pela sua valorização ambiental e turística e pela criação de empatia com os visitantes e, se virmos bem, o seu alindamento é fácil, é barato e dá… 

(Artigo publicado na edição de 1 de junho, do Diário de Coimbra)

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