Apesar
deste ser um ano de eleições autárquicas, duvido que algum dos meus concidadãos
tenha incluído nos seus desejos de passagem de ano, quando comia as doze uva
passa, a ambição de ver eleito um novo e entusiasmante executivo municipal.
Contudo,
estou certo, que alguns, talvez mais do que se pensa, terão considerado como um
dos seus primeiros desejos ser eleitos para um cargo autárquico. É normal que
assim seja, porque o que estava em causa eram desejos pessoais e há quem
invista durante meses e anos numa eleição redentora.
O
que não há dúvida é que todos, no silêncio dos seus pedidos, não deixam de
aspirar a um ano feliz, cheio de realizações pessoais, ainda que muitas dessas
realizações dependam da vontade, da capacidade e do mérito político daqueles
que desejam ser atores políticos e se propõe a tal.
Este
desejo de atingir a felicidade exercendo um cargo político, quando a política é
tão mal vista e os políticos sofrem aquilo que alguém chamou de “síndrome de
Tocqueville”, pelos privilégios que lhe são atribuídos, sendo ainda alvo de um
intenso escrutínio que ultrapassa e esfera puramente institucional, não deixa
de ser paradoxal.
É,
no entanto, certo que não teremos falta de candidatos ao governo da nossa
cidade e é também certo que a forma e as características das suas candidaturas
não deixam de representar aquilo que é o estado da arte política na nossa
cidade.
Numa
democracia representativa, como a nossa, partidos fortes, dinâmicos, abertos à
sociedade, capazes de lerem os sinais que, das mais diversa formas, vão sendo
transmitidos, geram bons candidatos. Pelo contrário, a fragilidade partidária e
o alheamento perante as ambições coletivas levam à frustração e ao alheamento
dos eleitores com os resultados conhecidos de elevadas taxas de abstenção ou
com escolhas impensáveis, como está a acontecer por esse mundo fora.
É
por isso bom um esforço de entendimento da nossa realidade e ter em conta como diz
Alberoni, em “Viagem pela Alma Humana”: “Os grandes êxitos e as grandes
catástrofes na vida dos indivíduos, das empresas e das nações acontecem porque
as pessoas não se apercebem de que alguma coisa mudou de forma subterrânea.
Continuam a comportar-se como antes e vêem-se desarmadas contra a nova
situação.”
Neste
momento, face ao que se conhece e ao que se adivinha, o mais acertado é deixar
um pedido: “Oremos para que em Coimbra, tudo corra bem.”
(Artigo
publicado na edição de 9 de fevereiro, do Diário de Coimbra)
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