Coimbra
viveu um doloroso processo de transformação do seu tecido económico com o
desaparecimento, quase em simultâneo, de um conjunto de icónicas empresas
tradicionais, que faziam o contraponto a uma omnipresente Universidade.
Por
outro lado, foi-se acentuando a contradição de ter uma significativa classe
média e média alta, com capacidade aquisitiva e de não ter a uma oferta
comercial adequada e satisfatória.
Às
voltas com a recomposição do seu tecido económico, continua a sofrer com a
incapacidade de uma mais rápida e consistente renovação do seu espectro
comercial no que toca ao comércio tradicional e a tudo o que ele implica no
campo do urbanismo comercial, de que a Baixa é paradigmática.
Há,
contudo, uma nova realidade, ainda que não tão expressiva quanto as
potencialidades de uma cidade universitária tão singular como esta, no que se
refere à realidade económica de Coimbra que é pouco percecionada.
É
verdade que, por exemplo, um relatório recente da Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento das Comunicações indica que numa distribuição das startups a nível nacional, Coimbra
fica-se pelos 5% bem como Aveiro e Setúbal, Braga assume 9%, Porto 22% e Lisboa
41%.
Ora
isto é muito pouco e, obviamente, que há condições para que o empreendedorismo
tecnológico assuma aqui uma dimensão mais relevante, ainda que a nível de
empresas consolidadas penso que a percentagem será maior.
É
sabido que para crescer na economia digital necessitamos de condições que
passam pela existência de talento, pessoas preparadas e incentivos, e é aqui
que a UniverCidade tem uma palavra determinante.
O
Instituo Pedro Nunes é hoje o ponto de encontro entre a Cidade e a Universidade
e o expoente dessa vontade de criar condições para um empreendedorismo de
sucesso numa economia digital global, que não tem fusos horários nem limites de
criatividade. Contudo, não podemos descurar algumas dimensões do quotidiano que
permitam a fixação destas empresas de uma forma sustentada. Precisamos fazer de
Coimbra uma cidade com uma superior qualidade de vida.
Talvez,
por tudo isto, não fosse despiciendo que o governo da cidade fosse junto de
cada uma das empresas e as ouvisse sobre os pontos fortes e os pontos fracos do
Município e desenhasse uma intervenção de consolidação e desenvolvimento desta
nova realidade do seu tecido económico.
(Artigo
publicado na edição de 6 de outubro, do Diário de Coimbra)
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