quinta-feira, 6 de outubro de 2016

COIMBRA E A ECONOMIA DIGITAL



Coimbra viveu um doloroso processo de transformação do seu tecido económico com o desaparecimento, quase em simultâneo, de um conjunto de icónicas empresas tradicionais, que faziam o contraponto a uma omnipresente Universidade.  

Por outro lado, foi-se acentuando a contradição de ter uma significativa classe média e média alta, com capacidade aquisitiva e de não ter a uma oferta comercial adequada e satisfatória.

Às voltas com a recomposição do seu tecido económico, continua a sofrer com a incapacidade de uma mais rápida e consistente renovação do seu espectro comercial no que toca ao comércio tradicional e a tudo o que ele implica no campo do urbanismo comercial, de que a Baixa é paradigmática.

Há, contudo, uma nova realidade, ainda que não tão expressiva quanto as potencialidades de uma cidade universitária tão singular como esta, no que se refere à realidade económica de Coimbra que é pouco percecionada.

É verdade que, por exemplo, um relatório recente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações indica que numa distribuição das startups a nível nacional, Coimbra fica-se pelos 5% bem como Aveiro e Setúbal, Braga assume 9%, Porto 22% e Lisboa 41%. 

Ora isto é muito pouco e, obviamente, que há condições para que o empreendedorismo tecnológico assuma aqui uma dimensão mais relevante, ainda que a nível de empresas consolidadas penso que a percentagem será maior.

É sabido que para crescer na economia digital necessitamos de condições que passam pela existência de talento, pessoas preparadas e incentivos, e é aqui que a UniverCidade tem uma palavra determinante.

O Instituo Pedro Nunes é hoje o ponto de encontro entre a Cidade e a Universidade e o expoente dessa vontade de criar condições para um empreendedorismo de sucesso numa economia digital global, que não tem fusos horários nem limites de criatividade. Contudo, não podemos descurar algumas dimensões do quotidiano que permitam a fixação destas empresas de uma forma sustentada. Precisamos fazer de Coimbra uma cidade com uma superior qualidade de vida.

Talvez, por tudo isto, não fosse despiciendo que o governo da cidade fosse junto de cada uma das empresas e as ouvisse sobre os pontos fortes e os pontos fracos do Município e desenhasse uma intervenção de consolidação e desenvolvimento desta nova realidade do seu tecido económico.  

(Artigo publicado na edição de 6 de outubro, do Diário de Coimbra)

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