O Serviço Nacional de Saúde vai
fazer, no dia 15 de Setembro, 31 anos. Apesar de ser um jovem adulto a sua
saúde é motivo de preocupação. Com efeito, os tempos não estão de feição e
teme-se que mais do que uma simples virose venha a ser atingido por grave
maleita, pelo que todos aqueles que o desejam forte e saudável não podem deixar
de estar preocupados com as ameaças à sua integridade e à sua saúde.
Filho dilecto de Abril tem sido
protagonista central na melhoria da nossa qualidade de vida e instrumento
determinante de coesão social. Os seus méritos são conhecidos e se, como todas
as organizações humanas, tem defeitos, a verdade é que tudo o que lhe devemos
supera em muito aquilo que lhe possamos recriminar.
Universal, geral e tendencialmente
gratuito é o grande pilar de um Sistema de Saúde, que emergiu com a liberdade e
a democracia. Reflectindo um sentido de generosidade interclassista, ajudou a
evitar mais mágoas e mais dores, perante as injustiças e as distâncias
económicas e culturais herdadas do passado mas também forjadas no presente.
Mais do que qualquer auto-estrada
levou a encontros de informação e prestação de cuidados de saúde, com a
consequentemente partilha de expectativas mais igualitárias de esperança de
vida. Assumiu-se, desde o primeiro sopro de vida, como um apóstolo da
disseminação da ciência e das técnicas mais sofisticadas, no campo da saúde,
pelos difíceis caminhos das periferias, onde ainda não há muitos anos
prevaleciam tisanas e abandonos.
Já em tempos se viu alvo de um
ataque que felizmente acabou por ser debelado, mas hoje vive uma situação de
risco muito elevado, em que, sob a capa de reais dificuldades financeiras e de
necessidade de adaptações e melhorias organizacionais, se vislumbram
transformações radicais, determinadas por visões contrárias à sua natureza e
estatuto.
O verdadeiro problema é de uma
inversão de papeis em que o SNS deixe de ser o elemento fundamental do Sistema
de Saúde e consequentemente o garante da universalidade e generalidade de
prestação de serviços de saúde para o tornar num serviço reduzido, disperso,
tecnicamente desqualificado, destinado a “pobres e indigentes”.
Simbolicamente, anuncia-se
Coimbra como um dos primeiros campos de batalha no processo de transformação
anunciado e também escondido e tudo o que aqui se passar vai ter óbvias
repercussões nacionais. Confiante na nossa habitual incapacidade de
entendimento e concertação o poder central aposta em fazer-nos exemplo
silencioso dessas mudanças contranatura.
Os nossos Hospitais Centrais vão
ser o primeiro grande exemplo dado à Nação das transformações pretendidas e o
nosso eventual silêncio a chancela pretendida para justificar o futuro requiem pelo SNS.
No próximo dia 15 de Setembro,
celebra-se o dia do SNS. Um dia para relembrar e reflectir, mas também um
desejável dia de afirmação na defesa de uma conquista civilizacional dos
Portugueses.
Talvez pudéssemos, para esse dia equacionar
a criação de uma “LIGA DOS AMIGOS DO SNS”, que se assumisse como um fórum
permanente de debate sobre políticas de saúde, num contexto de defesa e
modernização dum serviço público precioso.
Teríamos assim um instrumento de
mobilização cívica, a intervir organizadamente no espaço público, numa tarefa
de reflexão tendente a combater a intoxicação e deturpação da realidade, de que
alguns se vão servir para justificar opções políticas de subordinação a
compromissos entre interesses particulares ou de grupo, em detrimento de uma
perspectiva de defesa do bem comum consagrada no nosso SNS.
Fica a proposta e o desafio a
Coimbra.
Estou completamente de acordo consigo, companheiro. O momento que vivemos, no mínimo, deve-nos fazer reflectir.
ResponderEliminarA talhe de foice, porque não cria uma página no Facebook?
Abraço.
Lembro-me muito bem da criação por António Arnault do Serviço Nacional de Saúde o melhor que já tivemos no nosso país desde sempre, melhor da Europa e talvez até do Mundo.
ResponderEliminarNão me conformo de forma alguma, que este Governo, que pensa de noite os impostos que vai aumentar no dia seguinte afectando a Classe Média.
O Governo esquece-se que o pilar de uma sociedade económica democrática é a sua classe média. É esta que faz movimentar o dinheiro, logo gerar mais dinheiro para que o país se enriqueça.
Este Governo, para mim o pior desde o 25 de Abril de 1974, tem vindo a destruir todos os sectores alcançados com Abril, tendo como tema de fundo a Crise.
Deste modo, estou a seu lado na criação da Liga de Amigos do Serviço Nacional de Saúde e noutras acções que o Autor deste Blogue venha a fazer e sejam do meu agrado.
Temos de salvar o SNS, criando mais especialidades como Oftalmologia e Medicina Dentária, gratuitas, de acesso a todos os Portugueses sem descriminação.