Não
há governos perfeitos. Uns são melhores ou piores consoante os avaliadores e os
seus interesses. É verdade que podia haver governos muito bons se os políticos
de café, que sabem de tudo e resolvem tudo com uma facilidade mágica que faz
inveja, tivessem disponibilidade para assumir cargos ministeriais.
Contudo,
na ausência da possibilidade da genialidade na governação, vamos ter de suportar
os governos nascidos das eleições, o que diga-se para alguns não é nada fácil,
levando muitas vezes a comportamentos ilógicos e contrários aos seus intentos.
Neste
momento, de arranque de um novo governo e no contexto de uma nova realidade
política, não deixa de ser interessante registar as expectativas e os desafios
que todos os dias são apontados ao novo primeiro-ministro, alguns na perspetiva
de um rápido fracasso e outros na tentativa de influenciarem a agenda
governamental, para o bem ou para o mal.
Há
também quem entenda o momento político numa perspetiva de psicologia infantil
em que à semelhança das crianças umas procuram fazer bem para serem elogiadas e
outras limitam-se a fazer barulho para serem notadas
Há
ainda quem ponderadamente se prepare para uma observação desconfiada até porque
há um passado de posições inconciliáveis que não é possível apagar e que não
pode deixar de ter reflexos no presente, até porque o mundo da política é o
mundo da conspiração e da intriga e o político militante por muito equilibrado
que seja é sempre partidário.
O
que parece evidente é que António Costa, na perspetiva de que a moção de
rejeição apresentada pela PàF, que está a viver um momento traumático, será
derrotada, verá o seu governo, para além da acrescentada estabilidade e
durabilidade, reforçado com uma legitimidade, que deve agradecer aos que o
acusam de ilegitimidade.
Como
se vê a PàF está a viver um pesadelo de que ainda não conseguiu acordar, não
tendo percebido que há uma nova realidade com que tem de conviver. Dominada
pelas saudades do passado agarra-se agora à esperança de uma eleição
presidencial que a possa ajudar a evitar cair numa profunda crise de identidade
e consequente conflitualidade intestina.
O
próximo presidente da República é assim a peça do puzzle que falta para
completar e enquadrar a nossa vida política nos próximos tempos e aqui é bom
lembrar que António Costa é um especialista em puzzles, pelo que pode vir a acontecer
alguma surpresa numa eleição que à partida parecia ter vencedor certo.
(Artigo
publicado na edição de 3 de dezembro de 2015, do Diário de Coimbra)
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