Recentemente foi com o
Ceira. Vieram umas chuvadas e Ceira foi inundada com graves consequências para
os seus habitantes. Responsáveis? Só a natureza!
Agora foi o Mondego.
Depois de meses de sequeiro veio uma chuva, nada de especial, e o Mondego
apesar das obras de aproveitamento hidroeléctrico e de controlo e regularização
do caudal, saltou das margens de forma intempestiva e desatou a fazer estragos.
É óbvio que o que
aconteceu por estes dias é de difícil explicação. Como é possível que perante
os mecanismos de controlo e no contexto meteorológico previsto e vivido não
tenha sido possível evitar a cheia(?). Por mais que nos atirem explicações é evidente
que houve uma gestão incompetente do armazenamento e débito da água do rio e
isso teve consequências imediatas de enorme gravidade e de grande preocupação
para futuro. Eu, como decerto muitos outros cidadãos, não acredito que não
tenha havido incompetência por parte da(s) entidade(s) com responsabilidades e
não acredito nas explicações dadas.
É imperiosa uma
peritagem feita por técnicos independentes para analisar tudo o que se passou e
permitir uma responsabilização exemplar de eventuais comportamentos laxistas e incorretos,
sem esquecer a indemnização devida pelos estragos provocados, e ainda uma
eventual revisão dos protocolos de atuação, não só para que nos descansem, mas
também, se for o caso, para que levem a intervenções corretivas, que coloquem
pessoas e bens acima de quaisquer outros interesses.
Por outro lado, não é
possível entender o adiamento, ano após ano, do desassoreamento do Mondego,
concretamente, entre a Portela e o Açude-Ponte. É que o Açude-Ponte não é
apenas um estabilizador do caudal do rio é também uma barreira aos inertes, que
aí se vão acumulando, perante uma passividade injustificável e que se assumirá
como criminosa no dia em que uma verdadeira catástrofe se abater sobre a
Cidade.
Nada disto é alarmismo
ou novidade para quem conhece tecnicamente o problema, nem tão pouco para o
simples cidadão que percebe perfeitamente que esta é uma situação insustentável
e de eventuais graves consequências. Não é tolerável, em nome de Coimbra da sua
segurança e do seu futuro, que a entidade – não sei neste momento quem é nem
acredito que se venha a assumir e a denunciar – responsável pela intervenção,
continue a assistir impávida e serena ao acumular de inertes no leito do rio.
Se dúvidas houver perguntem ao Basófias que já, por diversas vezes, demonstrou
o insustentável nível de assoreamento do Mondego.
Tenham respeito pelo
Mondego e por Coimbra, e não andem a gozar connosco.
(Artigo publicado na
edição de 14 de janeiro de 2016, do Diário de Coimbra)
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