Tivemos eleições para a Assembleia da República sabendo que do seu
resultado sairia o futuro governo, cabendo agora aos partidos políticos
encontrar, nesse contexto, a solução governativa.
Em termos constitucionais não elegemos nenhum
primeiro-ministro ainda que em termos políticos a ideia prevalecente é a de que
o líder do maior partido ou da maior força política deverá ser o
primeiro-ministro. Esta é uma visão incorreta mas que tem sido pacificamente
adotada nas campanhas eleitorais. Neste momento qualquer outra solução terá
consequências extremamente negativas para quem a protagonizar.
O sonho de um governo á esquerda que partilho, só será
possível de realizar ou por uma incapacidade imediata da direita de governar ou
daqui a algum tempo quando se tornar inequívoco que PS, PCP e BE têm um
entendimento sólido, politicamente saudável em que mantendo-se as diferenças
não haja turbulência, nem ruturas ou ameaças de rutura permanentes.
É uma atitude de respeito para com os militantes do
PCP e eleitores, que durante todo o regime democrático sempre confrontaram o PS
em questões fundamentais, como o projeto europeu, não acreditar que em meia
dúzia de dias vão esquecer tudo isso e renegar os elementos essenciais da sua
visão e da sua estratégia política. Não se acredita no suicídio do PCP depois
de tantos anos de luta pela sobrevivência para mais com os mesmos atores
políticos.
É também uma atitude de respeito pelos militantes e
eleitores do BE, que assumiram bandeiras políticas essenciais contrárias às do
PS acreditar na sua sinceridade, a não ser que assumam uma fase syriza 2 o que
não parece não ser possível face ao que se passou na campanha eleitoral.
Assim é essencial que a esquerda - PS, PCP e BE -
saiba esperar e trabalhar consistentemente num programa político de futuro. O
PS não pode precipitar-se num jogo à partida viciado. Hoje Passos e Portas
devem constituir governo, sem mais.
Não contribuamos para o grande sonho da direita
europeia de destruir mais um grande partido de esquerda e de agrilhoar todas as
esquerdas ao seu modelo social e económico.
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