Há
dias assim, felizes! O dia da criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi um
desses dias. Sem as certezas da ciência pura mas com base numa fórmula em que a
1/3 de utopia se juntaram 2/3 de uma forte e bondosa convicção (o Dr. António
Arnaut que me perdoe esta tão primária e porventura errada equação), já lá vão
36 anos, teve luz o SNS.
Estabelecido
como pilar fundamental do nosso sistema de saúde, assumiu com garbo o seu papel
acabando por ganhar vida própria. Cometeu, aliás, a proeza de nestes 36 anos,
apesar dos safanões que apanhou, ter sido capaz de resistir a
secretários-de-estado, ministros e primeiros-ministros. Isso só foi possível
porque soube ganhar o respeito, a admiração e o reconhecimento da generalidade
dos portugueses, que não raramente o defenderam de uma forma aguerrida e
insuspeita de maquinações político-partidárias.
Quanto
à virtude dos seus méritos há provas irrefutáveis, que tantos têm vindo a enumerar,
parecendo que a cada ano que passa mais evidentes se tornam. Mas o que é
singular é ver que quanto mais foi sendo atacado (muitas vezes por alguns dos
seus íntimos) mais conseguiu resistir tornando-se, sem contestação, o Cristiano
Ronaldo dos nossos serviço públicos. Quando atacado reagiu sempre com força e
classe!
Se
fizemos uma revolução pacífica e soubemos criar um regime democrático que tem
vindo a ser capaz de suportar grandes e fortes provações, isso deve-se em muito
a amortecedores sociais e a promotores de unidade nacional em que o SNS foi e é
um elemento preponderante. Vivemos em democracia e se temos hoje uma qualidade
de vida em que sobressaem indicadores de saúde impensáveis nos idos de 74 a ele
muito o devemos.
Diz
o povo que pelo fruto se conhece a árvore. Pois é, se o SNS é o que é isso
deve-se ao sopro criador de Dr. António Arnaut, que soube ir a Lisboa ser
ministro - não ir para Lisboa para chegar a ministro -, sem esquecer a sua
Penela, que era então um dos concelhos mais pobres do país, e sabendo
aproveitar a qualidade da sua Coimbra, levando como companheiro de armas o
saudoso Professor Mário Mendes.
Foi
uma dupla magnífica corajosa e arrojada, a bem dos seus concidadãos, levando a
que o Dr. António Arnaut seja, atrevo-me a dizê-lo, um dos mais estimados,
admirados e respeitados ex-ministros da saúde da Europa.
Não
é pecado dizer que não terá havido, até hoje, no nosso regime democrático um
único ministro da saúde que tenha em tempo de bonança ou aflição deixado de vir
aqui pedir-lhe o seu conselho e a sua bênção. Isto diz tudo.
Nós
portugueses temos fama de ser invejosos, tantas vezes mesquinhos e maldizentes,
mas, por favor, que neste dia do SNS sejamos capazes de reconhecer o seu mérito
e honrar a sua existência, porque este é um dia venturoso.
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