O
PAF (Portugal à Frente) mais do que uma coligação é o embrião de um novo
partido. Já tem bandeira, uma prática política de legislatura reveladora de uma
ideologia consagrada em que não se distingue um ministro PSD de um ministro CDS
e uma sintonia estratégica reveladora de um grupo coeso.
Os
únicos entraves a uma aceleração ao processo formal de constituição são alguns
sociais-democratas ainda existentes no PSD, sobretudo os seus autarcas, e o
temor de uma derrota eleitoral. Quanto ao aprisionado CDS, com todas as suas
bandeiras autónomas desfeitas, com minguados apoios no terreno e com um líder
descredibilizado, cuja motivação para o combate político se resume à tentativa
de conseguir um cargo internacional, porque há por aí uns rabos-de-palha e é
impensável que um ministro irrevogável venha a integrar um novo governo, a
questão resolve-se em três tempos.
Esta
será uma das reformas estruturais do nosso sistema partidário, sonhada há muito
por alguns, cujo ritmo de desenvolvimento dependerá das próximas eleições. Uma
eventual vitória do PAF nas legislativas, que seria a sorte grande do atual
pessoal político do CDS, seria o fim do PSD, porque o PAF não tem nada de
social-democrata como Passos Coelho teve o cuidado de demonstrar, sem escrúpulo
mas cuidadosamente, durante a sua parceria governamental.
O
PAF é a direita reorganizada, professando um estranho neoliberalismo, que
encontra paralelo no socialismo chinês.
Quando
António Costa assume a possibilidade de convidar a antiga presidente do PSD
Manuela Ferreira Leite para um governo chefiado por si, face à sua professada
fé social-democrata e a contestação às políticas do governo, não deixa de ser
sintomática a quase ausência de reação da direção daquele partido. Expurgar os
empecilhos social-democratas do universo da coligação é um objetivo não
explícito mas importante para o futuro pafapiano.
Estamos,
portanto, perante uma reorganização macro do nosso quadro partidário e esse é
sem dúvida um aspeto particularmente interessante das próximas legislativas que
vai ter o subsequente desenvolvimento nas presidenciais. Presidenciais que o
PAF está a conduzir com o máximo cuidado, porque o seu candidato ideal, o
candidato emblemático, que mereceria o seu apoio entusiástico seria, sem
dúvida, o até agora indisponível Durão Barroso.
Era
a cereja no topo do bolo. Um ex-maoísta do Clube de Bilderberg.
(Artigo publicado na
edição de 27 de agosto de 2015, do Diário de Coimbra)
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