Em
Coimbra há uma tão grande profusão de ideias para salvar a cidade que já se
torna despiciendo, para não dizer ridículo, estar a estafar o bestunto com a
matéria. Mas perdoe-se-me a teimosia, para não dizer a ousadia, de voltar ao
mesmo ainda que correndo o risco de vir dizer coisa já pensada ou dita por
alguém que sabe muito mais do salvamento de cidades do que eu.
Andava,
por estes dias, à procura de uns criativos competentes para elaborarem cartazes
quando me deparei com a referência à criação pela UNESCO de uma Rede de Cidades
Criativas, contemplando vários pólos de criatividade entre os quais a música.
A
música chamou-me a atenção, não só porque é uma companheira diária e imprescindível,
mas também porque tem uma expressão muito própria na nossa cidade. Mais, a
música nos seus mais variados géneros e expressões foi, é e tenderá a ser um
pilar fundamental da vida cultural da cidade, afirmação que me parece ser
pacífica e não merecer contestação de quem quer que seja.
Acresce
que há novos equipamentos públicos, bem como espaços privados, de promoção de
música que nos deixam antever um crescimento exponencial de iniciativas
musicais nos próximos tempos, levando-a a assumir-se como um anjo redentor e
transformador de alguns espaços urbanos em crise. A música pode assim ser um
elemento agregador de uma agenda coletiva tendente à dinamização da atividade
cultural, social e económica do Município.
Descobri,
ainda, que fazem parte da Rede de Cidades Criativas, no tema Música, nove
cidades: Bolonha, Sevilha, Glasgow, Gent, Bogotá, Brazaville, Hamamatsu,
Mannheim e Hannover – o que, diga-se, não parecem más companhias.
Acrescentarão
alguns leitores, com ironia, que também por aqui há muitos “músicos.” Não sou
eu que os contradigo, mas acreditem que, para além desses em que estão a pensar,
há realmente aqui muitos e bons músicos, dos verdadeiros, que podem sustentar
com sucesso um projeto como este, sem grandes custos e com uma perspetiva
universalista que se coaduna na perfeição com o ADN da cidade.
Elaborar
uma candidatura e propor à Unesco que Coimbra integre a Rede de Cidades
Criativas na área da Música, parece-me poder ser consensual, não ser difícil e
vir a ser extremamente compensador em termos culturais, sociais e económicos.
Seria uma composição fácil e inteligente, suscetível de ser executada por uma
grande orquestra.
Porque,
contrariamente ao que se apregoa, o tempo de férias é um bom tempo para
reflexão, deixo à consideração esta ideia, na expectativa de que por um
qualquer acidente possa ser considerada pelos “maestros” da cidade.
(Artigo
publicado na edição de 13 de agosto de 2015, do Diário de Coimbra)
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