Sei,
por experiência própria, a distância entre o muito de substantivo e relevante que
se decide nas reuniões da Câmara de Coimbra e aquilo que vem a público. Aliás
qualquer autarca, com um mínimo de experiência, aprende a conviver com esta
realidade. Estranha-se, por isso, ao ler os relatos das reuniões da Câmara, a repetição
de uma moléstia que tão nefasta foi em anteriores mandatos.
Há
repetidos episódios de crispação e acrimónia, entre membros do executivo ou com
munícipes, que são um inesperado déjà vu
e que geram óbvio desconforto nos cidadãos. Por quê voltar a tomar o mesmo
veneno sabendo quanto isso debilita os protagonistas e faz realçar o acessório
em detrimento do essencial?
Para
mais, tendo presente a enorme taxa de abstenção nas eleições autárquicas, há
necessidade de um redobrado esforço para reganhar os cidadãos no interesse e no
empenhamento cívico, com o objetivo coletivo de engrandecimento da cidade.
É
evidente que nem sempre é fácil suportar incompreensões e pequenas provocações
mas isso faz parte do jogo democrático e o grande mérito está em conseguir
evitar que futilidades diminuam e “apaguem” as boas decisões e os bons projetos.
A
transposição de um certo ponto de equilíbrio no combate político e o assomo de
humores pessoais no exercício de funções de representação dão invariavelmente
mau resultado e criam barreiras desnecessárias levando a um estado de confusão
e de desânimo que a ninguém aproveita.
Não
há, portanto, necessidade de complicar um trabalho à partida difícil, antes
pelo contrário, o que se espera é a capacidade de arredondar arestas e de
encontrar saídas para os bloqueios e os obstáculos que vão sendo colocados no
nosso caminho.
Acrescente-se,
ainda, que há um problema de sintonia e de integridade global que é imperioso
garantir como condição de afirmação e respeito geral, entre aquilo que é a
cidade e o que ela representa e o seu governo. É preciso não esquecer que face a
tudo o que a fantástica Coimbra foi, é e pretende ser é exigido um elevado
perfil ao seu principal centro de poder local democrático.
Não
sendo este um assunto fácil de abordar é contudo essencial refletir sobre ele e
talvez o período de férias – um tempo mais relaxado e distendido –, permita a
serenidade de análise e o ajustamento de práticas, tendo presente aquilo que
Benjamin Franklin ensinou: “Os homens são criaturas
muito raras: metade censura o que pratica; a outra metade pratica o que
censura; o resto sempre diz e faz o que deve.”
(Artigo
publicado na edição de 16 de julho de 2015, do Diário de Coimbra)
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